quarta-feira, 29 de junho de 2011

Escultura

Linguagem escultória I
Esculturas feitas em gesso





 Título da Obra: "Depois do fim do mar"
                                                                                   






























 "Ressaca turbilhonante, ondas gigantescas e circulares que são impelidas contra outras ondas circulares que vêm em sentido oposto, e com choque alçam-se no ar, mas sem se separar da superfície das águas.
E onde a água escoa veem-se as ondas desfeitas distenderem-se na direção desse escoadouro, ao fim do qual, caindo ou despencando no ar, a água ganha peso e ímpeto; e vai bater na que está abaixo penetrando-a; essa se abre e se precipita com furor, batendo no fundo que a rebate na direção da superfície, junto com o ar que com ela submergiu; e esse movimento as faz tão mais baixas quanto mais larga for a sua base, e por isso mal se discerne o seu derradeiro fim".



 Título da Obra: "Outorgado"






















"Havia a levíssima embriaguez de andar, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: ele respirava de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água dele.
Andava por ruas e ruas falando e rindo, falava e ria para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede dele.
Por causa de carros e pessoas, às vezes ele se tocava, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água dele, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como ele admirava estar sozinho!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando ele quis essa mesma alegria dele. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais errava, mais com aspereza queria, sem um sorriso. Tudo só porque tinha prestado atenção, só porque não estava bastante distraído. Só porque, de súbito exigente e duro, quis ter o que já tinha. Tudo porque quisera dar um nome; porque quisera ser. Ele era. Foi então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estar mais distraído".





Finalização das esculturas 02/06/2011
Fotografias 29/06/2011


Os textos foram apropriações adaptadas.
Revisados, recortados e modificados
Por Júlia Nascimento.